quarta-feira, 10 de agosto de 2011

MOSKETEIRAS - Por Marcos Chaves


Olá Pretto,
gostei de assistir a um espetáculo seu, e de início parabenizo a ti e a equipe pelo trabalho. Escrever sobre a montagem, como pedisses, não é fácil porque não sou um crítico teatral, mas farei alguns comentários enquanto artista e colega sobre pontos que me pareceram importantes ressaltar. São pontos de minha cabeça, apenas uma leitura, que dependendo do dia ou do espaço teatral poderiam ser totalmente diferentes... Ou seja, não me levem tão a sério porque ninguém escreve verdades absolutas.
Mosketeiras é uma comédia em amadurecimento, vejo pontos altos que devem ser destacados como o personagem boneco Paco em uma belíssima (e precisa) interpretação. Em contrapartida, em alguns momentos a peça possui ações que, em meu entendimento, poderiam ser diferentes ou mais aprofundados como o jogo dos cabos de vassoura, que quando natural fica dentro de uma interação entre as atrizes, e quando mal executado parece as atrapalhar e a marca fica visível. A atriz que faz a Tatiana deve aproveitar as apresentações para aprofundar o peso de uma personagem que possui uma idade maior do que a jovem apresenta, limpando o exagero e corporificando o que pretende. As outras atrizes me parecem mais seguras, e certamente com a trajetória do espetáculo irão finalizar (através da troca com o público) suas intenções as vezes tímidas, outras vezes tão acertadas.
A trilha é competente, a direção é cuidadosa, a iluminação deixa a desejar pela altura do pé direito do teatro (mas não compromete). O cenário não me agrada muito ou não entendi a proposta das bolsas penduradas e nos cantos frontais do palco. A dramaturgia funciona, o público é conduzido pelo trabalho e se entrega às risadas (eu ri bastante!), apenas detalhes como a ênfase ao esteriótipo masculino através do futebol, tampa de privada e similares, as vezes soa exagerado ou, por termos outros atrativos interessantes no texto, ilustrativos demais.
Palmas ao quadrado à cena em que Paco e Tati cantam a música em uma iluminação diferente, é surpreendente, engraçadíssima, e o ponto mais alto do espetáculo. Destaco também a cena do assalto, que misturando linguagens (sem esquecer a comédia) tem alto contato com a plateia. Não sou tocado enquanto espectador, como em outros momentos, na cena final. E nem sei o que sugerir ou falar, apenas acho importante escrever.
No mais, o que fica: a boa sensação de ter assistido a um espetáculo com vários momentos engraçados, e que cativa o público convidando-os a rememorar uma história sobre amizade.
Parabéns mais uma vez a todos!
Marcos Chaves

* Agradeço ao Marcos, cujo trabalho eu admiro, junto ao Grupo Farsa, e também pela sua trajetória pessoal de estudo cênico e realizações pela presença e ter atendido minha solicitação para escrever suas impressões sobre Mosketeiras.

Marcos Chaves - www.marcoschaves.blogspot.com / www.grupofarsa.blogspot.com

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